#brócolis gigantes e flavonóides#

A noite passada eu dormi sem amarrotar uma nesga da roupa de cama.
Acordei ainda meio zonzo de guaraná com vodka, meio atrapalhado com a
bagagem de quem parte por dois meses.
O taxi pré-agendado à postos
O motorista saído de um filme do Jean-Pierre Jeunet pergunta
"Vamos pelo taxímetro? olha que é bandeira dois"
Não sei...

Pego o caminho para Guarulhos neste começo de Páscoa, os vidros do Meriva abertos para espantar um odor desagradável que vinha do banco da frente, o sósia do dono da Delicatessen não parecia muito asseado.
Me concentrei, atrás das lentes do meu aviador
No check-in a funcionária pergunta
"Na saída de emergência ou no fundo da aeronave?"
Não sei...

Já no ar, segurei com força meus moleskines e
marquei com tinta azul a ressureição de hoje.
Com o inglês quase perfeito a aeromoça sorteia dois ovos de chocolate e me faz pensar no jogo batalha naval, ou no contexto do dia, batalha fluvial.
"O Teatro é arte do presente", repetia várias vezes Ariane Mnouchkine durante o trajeto entre uma pescada e outra e o contorcionismo do meu corpo
para fugir do ar condicionado

Percebi que quase não comi chocolate nesta Páscoa
ao flertar com essa constatação notei pela janela que as nuvens davam lugar a
várias artérias de água doce cercada de brócolis gigantes por todos os lados
atrasei uma hora no relógio para, espero eu, poder adiantar muitas outras.

Já do lado de fora, passei a entender como se sente um legume ao ser cozido no vapor e, ao som de sonoros trovões, a origem do termo rain forest

Aceitei a umidade.

Agora é só ter Fé, um bom desodorante,
um repelente eficaz, muito ouvido e trabalho
tudo com gosto de flavonóide na boca.

é só o começo.